A Equipa de Saúde Ocupacional da Unidade de Saúde Pública do ACeS Baixo Tâmega

A saúde e a segurança ocupacional nas escolas são tão ou mais importantes do que em qualquer outro local de trabalho. Porquê? As escolas que têm boas práticas nesta área certamente inspirarão os futuros funcionários e empregadores/empreendedores em busca de resultados semelhantes.

Mas há mais motivos: a comunidade escolar, na sua mais larga abrangência (desde os funcionários, aos alunos e toda a comunidade envolvente) procuram que a gestão de topo/líderes lhes garantam que cada dia de exercício profissional (quer de estudantes, quer docentes e não docentes), seja sadio, saudável, e que no regresso a casa permita que o bem-estar que levaram seja o que trazem de regresso; mas tem mais ainda… uma oportunidade incrível de moldar a procura de comportamentos saudáveis pelos alunos.

E por onde começamos?! Por demonstrar compromisso para com a comunidade escolar, para melhorar indicadores de saúde das comunidades e da população em geral,… para a vida!

A segurança está associada ao bem-estar do ser humano sendo imperativo em qualquer contexto de vida. Entendendo-a como uma perceção de estarmos livres de riscos, perigos ou perdas, facilmente percebemos a importância de uma cultura que a garanta.

Apesar de se preconizarem ambientes seguros, os acidentes são uma realidade cuja probabilidade de ocorrerem depende essencialmente do tipo de exposição ao qual podemos estar sujeitos ou nos expomos, fruto de fatores como o ambiente laboral.

O conceito de segurança é um tanto ou quanto efémero, pela multiplicidade de fatores externos aos quais podemos estar sujeitos. Aqui entra o conceito de autoproteção.

Fomentar condutas seguras não é mais do que empenharmo-nos para garantir que um acidente não ocorrerá ou, no limite, ao ocorrer, que origine lesões de baixa gravidade e a pessoa tenha capacidade para os gerir. Ou seja, a autoproteção implica conhecimentos e capacitação.

A área temática da “Cidadania” é o pilar para uma construção estratégica e interligada de saberes, desde a prevenção de ocorrências e diminuição de riscos até à prestação de primeiros socorros. Estes últimos são uma primeira abordagem perante uma situação de socorro, constituindo-se desde a segurança até ao atendimento médico ou pré-hospitalar, quando necessário.

Pensando no cidadão como elemento ativo da sociedade, inserido num contexto laboral e atendendo aos riscos de cada profissão, é claro o suficiente para que se entenda a importância da aquisição de conhecimentos e treino nesta área. Como tal, o que se torna fundamental? Que haja um cruzamento entre a saúde ocupacional e a saúde escolar!

Apesar de amplamente legislado, ainda se verifica que o trabalhar destas temáticas, por profissionais com experiência nas mesmas, constitui uma miragem.

O que é urgente pensar? Ou repensar?! É necessário um trabalho em rede, onde se encontra o melhor de cada área e onde, garantidamente, teremos um elevado comprometimento, envolvimento e excelentes resultados! É necessário avaliar o impacto do que se está a fazer! Como? Com uma análise do “agora” e uma análise do “após”.

Obviamente que o ideal seria criar condições para que os acidentes não acontecessem, no entanto, a impossibilidade do mesmo aliada a algum “facilitismo” ainda presente em contexto laboral mostra-nos uma grande incidência de acidentes de trabalho (sendo que vários estudos nos referem uma enorme subnotificação).

O que fazer?! Necessitamos de criar estratégias que permitam que, qualquer cidadão, tenha pelo menos uma vez na vida acesso a formação nestas áreas, com vista a que adquiram conhecimentos, promovendo “reciclagens” com vista à consolidação dos mesmos.

Para além dos motivos referidos para trabalhar a Saúde e a Segurança Ocupacional com a comunidade escolar, e acrescentando a incrível capacidade que os adolescentes têm de absorver novos conhecimentos, espera-se que estes momentos constituam momentos promotores de transformação social e de cidadania (‘o que eu aprendo, replico’). Capacitar as crianças/adolescentes é a melhor forma de, no futuro, termos uma estrutura sólida de adultos que contribuem para a promoção de anos de vida com saúde.

Neste sentido, e em resposta a uma necessidade expressa pelos docentes do grupo de Educação Física da Escola Secundária de Marco de Canaveses, entre 12 e 30 de janeiro do presente ano realizaram-se 22 ações no âmbito do Programa Nacional de Saúde Ocupacional, que versaram sobre as temáticas de “Primeiros Socorros” e “Suporte Básico de Vida” (11+11), indo ao encontro do programa estabelecido pelo Ministério da Educação para o 10.º ano de escolaridade.

Entre os dias 9 e 11 de Março realizaram-se 6 ações, dirigidas aos alunos do 11º ano dos Cursos de Turismo, Agropecuária e Gestão Equina, da Escola Profissional De Agricultura e Desenvolvimento Rural De Marco De Canaveses (EPAMAC), versando sobre as temáticas de “Primeiros Socorros” e “Suporte Básico de Vida”.

Estas intervenções nos estabelecimentos de ensino do Marco de Canaveses são uma resposta interinstitucional que se foca na valorização das aprendizagens para o aprofundamento de uma cultura de segurança no concelho, resultando de um trabalho de parceria no âmbito da execução do Programa Nacional de Saúde Ocupacional (pela Unidade de Saúde Pública do ACeS Tâmega I – Baixo Tâmega) e do projeto «Cidadania: Educação para os Riscos e Autoproteção»  do Serviço Municipal de Proteção Civil do Marco de Canaveses, em curso nos estabelecimentos de ensino do Marco de Canaveses.